Placa pronta amplificador LM386 – Funciona com até 12 Volts

Por vezes nós precisamos fazer uso de algum dispositivo sonoro nos modelos. Em uma locomotiva, por exemplo, pode ser interessante colocar um som de motor a diesel. Não se atendo nesse artigo a questão sobre como produzir o efeito, chegamos a parte final que se traduz no amplificador por onde o som será amplificado e levado ao alto-falante. Porém muitos modelistas não desejam montar todo o circuito e no caso da amplificação preferem fazer uso de algo já pronto. É bem possível, e eu vou dar uma ideia para vocês.

No caso específico do uso de áudio no modelismo, a verdade é que a maior parte das vezes necessitamos de um amplificador que possua potências pequenas. Até para manter todo o realismo na aplicação, pois caso contrário um pequeno barco de rádio controle produziria um som de motor à diesel, por exemplo, com um volume desproporcional ao seu tamanho (ou sua escala). Isso torna-se um grande facilitador, pois é possível encontrar no mercado uma série de pequenas placas amplificadores industrializadas que podem ser aplicadas nesse uso.

Minha dica é ir até o Mercado Livre. Lá você vai encontrar vários vendedores comercializando placas de circuitos amplificadores das mais diferentes potências, tensões, dimensões. Inclusive sobre uma dessas placas, eu fiz um pequeno vídeo falando a respeito. Ela é bem compacta e utiliza um circuito integrado muito popular chamado de LM386. Esse componente é o coração central do amplificador. Trata-se do componente ativo responsável de fato pela amplificação do sinal.

A placa possui dois conectores (bornes) para a ligação do alto-falante para a saída do sinal. Possui também na outra extremidade conectores para entrar com o sinal e também a alimentação, que no caso são 12 Volts, o que permite utilizar uma bateria 3S. A qualidade do som é ótima e tenho certeza que você vai gostar. Para ver mais detalhes assista o vídeo abaixo.

Você sabia que é possível calibrar o testador de componentes, vulgo ESR? – Medidor e identificador automático de componentes

O testador de componentes (vulgo ESR) é um instrumento fantástico e ajuda demais na identificação dos componentes eletrônicos. Ele possui um display de cristal líquido e um terminal onde o componente a ser verificado é inserido. Após isso pressiona-se um botão e o componente é colocado em teste. Esse teste ajuda a identificar o tipo de componente e outras informações como polaridade de valor.


Porém antes de iniciar o seu uso é interessante calibrar o aparelho. Isso é importante para garantir que a leitura será correta.
Realizar a calibragem do Testador de Componentes é muito simples. Você precisa tão somente de três pequenos pedaços de fio. Descasque as extremidades dos fios e una todos por uma extremidade. Ou seja, é preciso fazer um “curto”. Explico melhor. Devemos inserir um fio em cada entrada do Testador de Componentes. Como o Testador de Componentes tem 3 entradas identificadas pelos números 1, 2 e 3, inserimos três fios. Depois unimos esses três fios pela outra extremidade.


Feito isso é só pressionar o botão do Testador de Componentes e o processamento de calibragem inicia. No mostrador é exibido um gráfico com o percentual realizado. Em seguida aparece uma mensagem informado para retirar os três fios conectados nos terminais do Testador de Componentes. Ah, separe um capacitor com valor maior do que 100nF. Você vai precisar dele ao longo da calibragem, será solicitado em um determinado momento.
Por fim é exibida uma mensagem informando que a calibração foi concluída.

Obs: ESR é uma das medidas que esse aparelho faz. O nome correto é Testador de Componentes. Porém muitas pessoas acabam chamando ele de ESR.

Como soldar um plugue XT60 e instalar termo retrátil – para auto, aero e nauti – carro, avião, barco

Para ajudar na troca rápida de baterias, utilizamos alguns tipos de plugue. Dessa forma é comum encontrar no mercado por exemplo, o modelo JST e XT60. É bem verdade que a mesma bateria pode ser muitas vezes encontrada para venda nos dois modelos. E aqui nesse artigo eu gostaria de falar com você sobre como fazer para soldar o plugue XT60, aquele na cor amarelo.

O plugue XT60 possui uma estrutura plástica na cor amarelo. Ele é muito rígido o que ajuda demais durante a soldagem, pois você pode até exagerar no calor com o ferro de soldar que ele nada sente. Isso ajuda muito principalmente aqueles que estão iniciando na soldagem.

Para fazer o processo você vai precisar de um ferro de soldar de potência baixa, cerca de 30 Watts. A solda que indico deve ser de 0,5 mm, 0,7 mm ou 1 mm. Soldas mais espessas apresentarão maiores dificuldades de uso com um ferro de soldar de baixa potência. Também será preciso um pequeno pedaço de espaguete termo retrátil. Ele será usado para isolar a parte do contato que ficará aparente após a soldagem. É bem verdade que você pode usar fita isolante ou outra coisa, mas o resultado não será tão bom quanto com o uso do espaguete.

Uma questão importante para soldar esse plugue é deixá-lo preso enquanto está soldando. Para isso aconselho você utilizar alguma ferramenta que o coloque em uma posição específica durante esse processo. Pois de outra forma, por ser bem estreito, ele tenderá a ficar caindo.

A primeira coisa a fazer, é com o ferro bem quente, ir depositando solda dentro do contato do XT60. Em seguida, enquanto a solda ainda estiver líquida, inserir o fio que deseja soldar nesse terminal. Lembre-se que o plugue XT60 estará muito quente após todo esse processo. Ele ainda vai demorar um bom tempo para esfriar o suficiente para você segurar ele. Como disse no início, a estrutura dele é muito forte e ele suporta bem o calor.

A parte final é colocar o espaguete termo retrátil. Para fazer com que ele se encolha você pode fazer uso de um soprador térmico. É algo parecido com um secador de cabelos. Na verdade você também usar o secador de cabelos, na posição ‘aquecer’. Ou então utilizar um isqueiro para aquecer o espaguete. Importante destacar que o espaguete não pode ser de uma bitola muito grossa. Pois ele encolhe até um certo limite. Então procure por um espaguete retrátil cuja bitola seja somente um pouco maior do que o terminal do XT60.

Sei que algumas coisas que mencionei ficam mais claras com imagens. Então dá uma olhada no vídeo abaixo que vai ajudar você.

Adaptando uma câmera esportiva, tipo Go Pro, em um carrinho de controle remoto – RC.

Uma coisa legal é poder colocar uma câmera a bordo de um carro, barco, navio, locomotiva e avião. O resultado é uma filmagem tipo ‘primeira pessoa’. Além de registrar o local por onde você estava controlando o seu modelo via rádio. No mercado existem as mais variadas câmeras que podem ser usadas nessa função. Você pode até colocar um celular, por exemplo. Sim, um amigo meu utiliza o aparelho dele para fazer filmagens dentro de um rebocador. Mas é claro que por ser um modelo grande é possível fazer isso. Mas de outra forma colocar o celular em alguns outros modelos pode ser algo impossível, por exemplo, em um avião (aeromodelo). Aí nessas horas a única saída é recorrer para câmeras que são especificamente feitas para essa função.

No mercado existem várias câmeras de dimensões bem pequenas, assim como leves. Uma dessas é a Go Pro. Embora ela não seja a mais leve de todas, produz uma filmagem de ótima qualidade. Porém um dos pontos importantes é sobre como prender a câmera no modelo. Então aqui vou dar uma dica sobre esse ponto.

A Go Pro possui o que é conhecido como caixa estanque. Trata-se de uma caixa plástica que protege ela de quedas e até permite você utilizar a câmera embaixo d’água. É claro que com o uso da caixa estanque o som capturado pode ficar comprometido. É preciso levar isso em consideração. O som é captado, mas se ele for muito baixo pode não ser possível ouvir. Ou mesmo o som pode ficar muito fechado e abafado, ainda sem determinadas frequências no áudio. Eu costumo gravar com a caixa estanque e tenho bons resultados. Além de ser uma forma muito segura.

O uso da caixa estanque ainda permite usar os diferentes suportes da Go Pro para prendê-la ao barco, carro, avião ou outra coisa qualquer. Inclusive uma peça que vem com a caixa da câmera pode ser utilizada para esse propósito. Lembre que ao comprar sua câmera ela veio dentro de uma caixa presa em um suporte plástico. Esse suporte é excelente para embarcar nos seus modelos. Talvez você precise fazer uns cortes nele para diminuir o seu tamanho e fazer assim ele se ajustar ao modelo. Os cortes podem ser feitos com uma pequena serra (do tipo arco de serra). Para ajudar a esclarecer isso assista nesse vídeo abaixo como fazer o uso dessa pequena peça plástica. É algo que iria para o lixo e agora tem uma ótima aplicação.

Como montar berço para acomodar um barco ou navio rádio controle – rebocador baseado no modelo Yarra

Montar um barco rádio controlado é só uma das coisas que você tem que fazer durante as etapas de montagem de um nautimodelo. Pois ao contrário de um automodelo, que você pode apoiar ele sobre uma mesa ou prateleira, no barco ou navio isso não é possível.

Isso ocorre pois existe um leme e o hélice que inviabilizam o modelo ficar “estacionado” sobre uma superfície plana. E além disso outra coisa torna difícil mantê-lo assim, como a curvatura do casco. Desta forma o modelo vai ficar de lado ou até tombar e não conseguir ficar “de pé”.

Para resolver esse problema é necessário construir um apoio para sustentar o modelo. Nós chamamos esse suporte de berço. Os berços também tem esse nome para os barcos e lanchas da vida real. E assim como na vida real pode ser feitos de diversos materiais, como madeira ou metal. Os berços mais fáceis de serem construídos são de madeira e em geral são estruturas bem simples, mas funcionais e extremamente necessárias.

Eu construí recentemente um rebocador que possui mais de 1,10 de extensão. A boca dele também é grande. Além disso, o rebocador possui um casco com um desenho bem diferente. Tão diferente que até inviabiliza colocá-lo sobre uma superfície plana, pois ele tomba. Então com a ajuda de varetas de madeira Teca, pregos e cola fiz um berço bem legal. Para a madeira não ‘machucar’ o casco, ainda fiz uma proteção com um material que você acha facilmente, mas não para esse tipo de aplicação.

O acabamento final ficou perfeito. Quanto ao lado funcional ficou extremamente prático. Dá uma conferida abaixo. Eu fiz um vídeo mostrando isso em mais detalhes.

Como configurar o rádio Turnigy com cabo de simulador no software para treino de aeromodelo

Quando estamos iniciando no aeromodelismo é importante treinar de alguma forma em solo, pois ao voar e cair as perdas financeiras podem ser realmente grandes dependendo do modelo que se está voando. Para ajudar a resolver esse problema existem os softwares simuladores de voo. Por meio deles o aprendiz ou aluno, pode treinar de forma bem parecida dando segurança na hora de realizar um voo real.

Uma das grandes vantagens desses simuladores é que nós não usamos um joystick durante a pilotagem, mas o próprio rádio controle que será usado durante o voo do aeromodelo. Isso torna a atividade muito mais próxima da realidade. Existem cabos que conectam os rádios via USB nos computadores permitindo assim esse uso.

Esses cabos são bem baratos e você encontra em lojas especializadas ou mesmo em vários sites pela internet. Um pouco positivo é o preço deles, pois não são caros. Um lado do cabo possui USB que ao conectar no computador um LED vermelho se acende internamente. Esse LED pode piscar em uso. Na outra extremidade existe um cabo tipo P2 que é conectado ao rádio. A maior parte dos rádios possui uma entrada para esse plugue facilitando assim a conexão.

Só destacando algumas coisas importantes. Para que o simulador funcione, é preciso que você destaque o módulo que está localizado na traseira do rádio. Sim. Pois caso contrário ele não vai funcionar. Normalmente isso é uma tarefa fácil, pois é feito externamente ao rádio.

A segunda coisa é que ao conectar o plugue você verá que o rádio liga automaticamente. Mas isso não quer dizer que o plugue P2 está enviando ‘energia’ para o rádio controle. Ou seja, seu rádio precisa ter pilhas ou uma bateria carregada dentro dele.

Ademais existem alguns ajustes que você precisa fazer no rádio para que ele seja capaz de funcionar como simulador. Esses detalhes eu mostro para você no vídeo abaixo. Ah, no mercado existem muitos diferentes softwares de simulador. No vídeo abaixo eu mostrei o FMS. É simples e já atende bem, mas existem vários outros bem avançados.

Conserto mola volante da direção – rádio controle HK210 Hobby King – Mesmo procedimento outro modelo

Algumas pessoas preferem aquele rádio que possui os chamados ‘sticks’ para pilotar seu automodelo. Sim, digo automodelo, mas poderia ser também um nautimodelo. Pois se você for pilotar um aeromodelo, saiba que só é possível usar rádios com sticks devido aos controles necessários. Mas para usar em várias outras áreas do modelismo é possível comprar um rádio mais simples, com controle de aceleração e direção.

Nesse caso existem rádios que possuem um volante para controle da direção. É fato que torna-se algo muito mais intuitivo para a pilotagem, em especial de auto e nauti. Esse pequeno volante possui internamente uma mola para manter a direção sempre no centro. Assim, após você fazer a curva, ao soltar o controle há uma centralização. Isso facilita muito pois imagina se você tivesse que a todo momento descobrir onde é o centro do volante.

Essa ideia se parece muito com a ideia presente no rádio com stick, pois a direção também retorna para o centro. Tudo isso é via mola, ou seja, algo realmente mecânico. Funciona muito bem, mesmo sendo algo mecânico.

Porém algumas coisas podem ocorrer e levar esse conjunto a apresentar defeitos. Um defeito que pode surgir ocorreu comigo. Veja só, eu até imagino a razão de ter quebrado, pois esse rádio é usado pelo meu filho. Imagina uma criança usando esse controle com toda a violência. Por isso não acredito que sempre ocorra problema nesse conjunto mecânico. Acho inclusive que deve ser algo bem remoto de ocorrer. Mas enfim, eu tive problemas.

O defeito está exatamente nessa mola que faz com que o volante fique centralizado. Após meu filho usar o rádio eu percebi que tinha algo solto lá dentro. Logo imaginei que a mola tinha saído do lugar, pois o volante não voltava mais para o centro.

Para resolver só tem 1 jeito. Desmontar tudo. E olha que não é muito simples, pois para chegar nessa parte você tem que literalmente desmontar o rádio todo. Mas dá para fazer.

Essa mola fica próxima ao potenciômetro de controle da direção. E no meu caso a mola soltou pois a peça de plástico que a prende quebrou. Você pode tentar colar ou até mesmo adaptar para instalar ela em outra posição. Essa última opção foi o que fiz. Para resolver o problema você pode usar a mesma mola e vai ser necessário uma agulha metálica bem fina para aquecer e fazer um novo furo na peça plástica.

São vários parafusos e vários passos que devem ser feitos para desmontar todo o rádio. Então eu fiz um vídeo que esclarece bem o que você deve fazer para resolver o problema. Dá uma olhada e deixe lá nos comentários o que achou. Se puder escreva também como surgiu esse problema no seu rádio.

Como fazer as ligações de servo, ESC, BEC, bateria no receptor controle remoto

Muitos iniciantes têm dúvidas sobre como fazer a ligação do ESC, com o servo e o receptor. Mas na verdade é bem simples. O importante é saber que em se tratando de modelos elétricos, normalmente o ESC já vem o que chamamos de BEC. O BEC é a parte responsável por gerar uma tensão de 5 Volts que alimenta o receptor de rádio controle. Portanto, temos no ESC um fio com um pequeno conector na sua extremidade que será ligado ao receptor do rádio.

Por esse fio chega a alimentação desses 5 Volts, mas também por ele passa o sinal do acelerador enviado pelo receptor. Por isso é comum ligar esse conector ao canal número 3, ou seja, o acelerador.

No ESC existe uma extremidade que pode possuir 2 fios ou 3 fios. Tratam-se dos conectores que irão ligar no motor. Se ele tem 2 fios então é um ESC para motor escovado. Já se tiver 3 fios, trata-se de um ESC para motores sem escovas (brushless).

Na outra extremidade do ESC existem outros 2 fios. Esses normalmente são nas cores vermelho e preto. São os terminais usados para ligar na bateria LIPO. Fique atento ao comprar o ESC a alguma especificações. Existem ESC que foram desenvolvidos para baterias LIPO 2S, 3S, e assim por diante. Uma outra especificação diz respeito a máxima corrente que o ESC suporta.

Eu fiz inclusive um vídeo para ajudar nessa questão. Abaixo é possível ver quais os fios ligam onde, facilitando assim os iniciantes na área.

Como adaptar uma duchinha de água para banheiro para acionar motobomba – Ideia simples e funcional

Muitas vezes necessitamos de água doce para limpar em locais onde seu acesso não é simples. Como por exemplo, ao levar um barco rádio controlado para ser utilizado em um lago de água salgada. Ou seja, após retirar o barco da água como fazer para limpar ele?

Nesse artigo trago uma ideia simples para resolver esse problema. A solução seria construir um reservatório de água que fosse acessado por uma pequena bomba. Essa bomba seria acionada por meio de um dispositivo adaptado em uma pequena ducha. Esse acionamento leva por sua vez, a ligar os contatos de um relê. Esse relê então seria o responsável por de fato ligar e desligar a pequena bomba d´água.

Vários são os modelos diferentes de bomba de água disponíveis no mercado que você pode estar fazendo uso. Um desses modelos que pode ser adaptado nessa invenção seria a pequena bomba de água usualmente utilizada em limpeza do para-brisas de automóveis.

Essa pequena bomba pode ser encontrada em qualquer casa de material automotivo. Mas lembrando que ela foi idealizada para funcionar por períodos curtos. Assim não dá para usar ela em períodos longos, pois a mesma aquece muito. Ela é meio que blindada e isso dificulta muito a troca de calor do motor com o meio ambiente.

Como ponto positivo dessa bomba está seu preço e também a facilidade de ligar com 12 Volts. O consumo de corrente está em torno de 2A. Então é preciso utilizar uma boa fonte para ligar esse motor.

A adaptação na ducha de água é simples. Mas devido a essa simplicidade ela não tem capacidade de acionar diretamente o motor da bomba. Afinal são 2A. Então é preciso que esses contatos da ducha acionem o relê que mencionei no início do texto.

O relê que será usado precisa ter a bobina para 12 Volts e contatos que suportem com folga os 2A de consumo do motor da bomba d´água. Lembrando que um pequeno circuito com um transistor, um resistor e um diodo, já resolve nosso problema. Para deixar mais claro eu fiz um vídeo mostrando a duchinha.

Inclusive nesse vídeo mostro detalhes de como adaptei os fios na ducha de água.

Análise das demonstrações financeiras – Resenha crítica

Ser o que é ou parecer o que não é. Eis a questão?

Autor: Alex Baroni

JONES, Michael. Creative Accounting, fraud and international accounting scandals. England: Ed. Wiley, 2011.

SZUSTER, Natan. et al. Introdução à Contabilidade Societária. 4a Edição. São Paulo: Editora Atlas, 2013.

Uma pessoa ao olhar-se diante de um espelho moderno enxergaria seu reflexo com perfeição. Porém a análise que permeia o trabalho que ora se inicia, pondera o seguinte questionamento: Uma companhia diante de suas demonstrações financeiras, enxerga aquilo como um reflexo fidedigno de suas operações? Seguindo os princípios das leis que as cercam a resposta deveria ser um sonoro “sim”. Muitos autores se debruçaram ao longo dos anos a estudar os artifícios, deveras criativo, de uma série de diferentes companhias no processo de lançamento e escrituração de sua contabilidade.

Entre eles, podemos citar Jones (2011), que realizou um trabalho que envolve a análise de como diferentes companhias buscam formas de adulterar seus números na tentativa de exprimir através deles algo que de outra forma os mesmos não seriam capazes de externar. Algumas vezes, por exemplo, inflando as vendas da companhia e mostrando que o resultado anual foi muito maior do que se imaginara. Ou até quiça, para evidenciar que a companhia teve um crescimento expressivo no último ano, quando na verdade isso não ocorreu.

Jones (2011), elencou as cinco maiores práticas, ao que é conhecido como contabilidade criativa. São elas: aumentar a renda, diminuir as despesas, aumentar os ativos, diminuir os passivos e aumentar o fluxo de caixa. Conforme Jones (2011) ponderou, é possível ainda manter equacionados os débitos e créditos de acordo com o método das partidas dobradas, porém reclassificando os lançamentos de outra forma. Como exemplo, pode-se citar uma despesa lançada como um ativo ou um passivo como renda, buscando a manipulação dos resultados.

Em linguajar claro, as companhias que assim fazem estão cometendo fraude, ficando a mercê de sanções a serem aplicadas pelos órgãos competentes. As fraudes são concretizadas de fato, através de basicamente dois pilares: apropriação indevida de ativos e transações fictícias. Jones (2011), entre outros pontos, relata em seu texto o que é conhecido como big bath. Ou seja, através dessa prática os gestores diminuíam a renda no ano da transição de forma que os lucros futuros poderiam vir a ser manipulados no ano seguinte.

Jones (2011), expõe o que é conhecido como o relatório anual da empresa, também chamado de impression management (gerenciamento da impressão). Alguns gestores utilizam-se desse documento para manipular e/ou induzir as informações ali presentes, no intuito de fazer com que os leitores assumam um determinado viés durante a leitura. Nesses relatórios, basicamente três métodos são usados para melhorar a impressão dos resultados: narrativas, gráficos e fotos.

As narrativas desses documentos tipicamente não sofrem auditoria e por isso tornam-se mais vulneráveis de serem manipuladas. A estratégia utilizada nesse processo é buscar enfatizar as boas notícias. Também tenta-se atribuir os resultados ruins a situações fora do controle, como uma recessão. De outra forma, por vezes acabam expondo situações ruins utilizando-se de profunda linguagem técnica, dificultando a análise por parte de quem as lê.

Mas há saídas para que seja possível dirimir tais práticas. De posse, por exemplo, de documentos que exprimam o balanço patrimonial da companhia (BP) e/ou a demonstração de resultado do exercício (DRE), é possível realizar uma série de diferentes análises.

Szuster et al. (2013), expuseram diferentes propósitos da análise financeira, como por exemplo: mensurar o desempenho das unidades, verificar a situação das empresas investidas e analisar a situação creditícia de clientes, concorrentes e fornecedores. Szuster et al. (2013), explicitaram em seu livro literalmente mais de duas dezenas de diferentes fórmulas que buscam denotar os reais números auferidos pela corporação.

Por fim, recorramos a uma análise mais detalhada do subtítulo shakespeariano do trabalho aqui exposto, ‘Ser o que é ou parecer o que não é. Eis a questão?’. Através desse, cabe então lembrar que a frase final no formato interrogativa, questiona algo que não deveria ser tema de discussão, caso as companhias tivessem como parte de suas prerrogativas assumirem a transparência de seus números.

Ou seja, a fraude, além de ser um crime, gera uma série de graves consequências para a situação econômico-financeira de um país. Por exemplo, companhias que venham a induzir investidores a julgarem que a mesma é saudável financeiramente. Assim, esses colocam seu dinheiro em um castelo de areia, sujeito a desmoronar sob a mais singela brisa. Cenário esse que leva a expor as fraquezas de governança corporativa da instituição, podendo causar caos na economia.

Porém, graças a estudos como de Jones (2011) e Szuster et al. (2013), os auditores e stakeholders possuem ferramentas para buscar coibir ações que busquem uma manipulação do cenário da instituição.